Olhares sobre a necessidade de interações mais efetivas entre os pesquisadores do campo do patrimônio cultural e as comunidades que se relacionam - direta e indiretamente - com tais bens, entraram na pauta dos debates acadêmicos desde fins do século XX, incitados pelas proposições da museologia social, arqueologia e história públicas, das gestões compartilhadas etc. O envolvimento das comunidades no compartilhamento da responsabilidade pelo gerenciamento do patrimônio e a apropriação construtiva dos bens culturais (SCHAAN, 2007) têm se mostrado fundamentais no âmbito da preservação da memória e da conservação da integralidade de conjuntos patrimoniais, sejam sítios arqueológicos, conjuntos arquitetônicos, sejam acervos musealizados ou particulares. De outro lado, as pesquisas acadêmicas estão abrindo-se para a perspectiva do imaginário que tais “coisas” ou espaços podem ter no cotidiano das pessoas, questionando-se de que modo ocorre a interação dos bens patrimoniais com os grupos que vivenciam os locais e artefatos. Nesse sentido, o simpósio temático objetiva reunir estudos que questionam o discurso autorizado do patrimônio, preocupado principalmente com a preservação das narrativas por ele legitimadas (BEZERRA, 2017), bem como, repensam o lugar canônico do patrimônio, preocupados com as relações de alteridade, do entrelaçamento no tempo e no espaço dos fenômenos históricos, valorando o que as pessoas constroem contemporaneamente com os artefatos e as paisagens culturais.