HISTÓRIA, ACERVOS E INSTITUIÇÕES DE MEMÓRIA: INTERSECÇÕES ENTRE FONTES, MÉTODOS E PATRIMÔNIOS
Nas últimas décadas, a ampliação dos debates historiográficos tem possibilitado ao fazer do historiador um alargamento da perspectiva interdisciplinar. O diálogo da História com a Arquivologia, Ciências da Informação e a Museologia, para citar algumas, tem provocado debates e abordagens instigantes, a partir da problematização da criação e atuação de instituições de memória e a constituição de seus acervos. Marc Bloch nos lembra que o historiador deve sempre atentar para o fato de que os documentos, e por extensão os diversos patrimônios que constituem os acervos, não são preservados por meio “de algum misterioso decreto dos deuses”. A preservação e a conservação do patrimônio cultural, incluindo o patrimônio documental arquivístico, consiste em ações deliberadas que contam com várias etapas, cuja intenção é a de satisfazer as necessidades de grupos humanos de conservar seus valores. Desnaturalizar, portanto, a presença de acervos, peças e coleções em instituições custódia é importante, não só para o reconhecimento da/s identidade/s de diferentes sujeitos, mas também compreender os distintos valores simbólicos que em um dado momento possibilitaram e legitimaram aquela aquisição, possibilitando que esses espaços sejam compreendidos (e promovidos) como lugares para contestação do poder, memórias e identidades. Alinhando-se às proposições da Rede de Pesquisa em Acervos e Patrimônio Cultural (REPAC), formada para articular interessados nas discussões de acervos sobre história, memórias, patrimônios e as diversas tipologias de acervos histórico-culturais, a proposta deste Simpósio Temático, é provocar debates em torno do papel das instituições custodiadoras, nas mais diversas perspectivas, como: na organização e disponibilização dos acervos; na responsabilidade de indivíduos para a preservação documental; na constituição de coleções e acervos privados; bem como nas relações interdisciplinares geradas na sistematização destes acervos. Deste modo, o ST visa reunir pesquisadores cujos estudos centrem-se na constituição/dispersão de acervos e coleções; nos processos de aquisição, acesso e divulgação de acervos; nas instituições de memória e estruturação de políticas institucionais em relação à constituição e tratamento de acervos; na intervenção dos agentes em relação à seleção, organização e divulgação de acervos, além de profissionais que atuem junto a instituições de memória.